Saturday, February 23, 2008
Cuidado! Os quilombolas estão chegando!
(...)
E nenhum brasileiro precisa ir muito longe para ver um quilombo nascendo, com selo oficial, praticamente na esquina de casa. Se alguma coisa está acontecendo pela-primeira-vez-na-história-deste-País, ou mesmo deste planeta é que, 120 anos depois da Lei Áurea, o Brasil produz quilombolas como nunca.
(...)
Para todos os efeitos legais, quilombola é quem se diz quilombola. E quilombo é tudo o que o quilombola acha que é seu. É por isso que, nas portas do Rio de Janeiro, a Ilha da Marambaia pode passar, depois de cem anos, da Marinha para 379 moradores. Eles ganhariam quase 70% daqueles 82 quilômetros quadrados de litoral preservado pela reserva militar. O curioso é que, dos quilombolas da Marambaia, espontaneamente, 21% se consideram "brancos".
(...)
BARRETTO, Nelson Ramos. A Revolução Quilombola: Guerra Racial, Confisco agrário e urbano, Coletivismo. São Paulo: Artpress, 2007. pp. 113.
Escrito pelo jornalista Nelson Barretto, o livro em questão retrata a criação de um "MST de negros", nas palavras do superintendente do INCRA para a questão do quilombismo. O autor questiona os métodos utilizados pelo governo federal e pela Fundação Palmares para a identificação de supostos "remanescentes de escravos fugidos", que baseia-se unicamente na auto-declaração.
A obra foca principalmente as divergências ocorridas nos municípios de São Mateus - ES e Campos Novos - SC, nos quais grande parte da cidade corre o risco de ser desapropriada. Somente no município catarinense, 5000 postos de trabalho podem ser suprimidos (o que, numa cidade de 28000 habitantes, é sinônimo de apocalipse).
O livro pode ser adquirido gratuitamente no site Paz no Campo, e caso o leitor sinta-se tentado a contribuir com a causa, poderá doar um valor para compensar as despesas de envio (meu exemplar chegou em aproximadamente três semanas).
Labels: Leituras